Sente-se que sempre se pode fazer melhor, mas sabe bem saber que há pretextos suficientes para, sem grandes estravagâncias, usufruirmos de um festival de jazz e de blues de pequena dimensão, mas de grande alcance cultural.
Vê-se que é em Seia que acontece desde 2005, este “Seia Jazz & Blues”, um Festival que daí para cá, anualmente e de forma ininterrupta, marca encontro com o público daqui e dali, na Casa Municipal da Cultura. Um evento que já foi de 4 dias em dois fins-de-semana e que agora é de 3 dias seguidos, com dois grandes concertos em perspectiva e um punhado de pretextos atractivos. Uns mais pedagógicos, outros mais divertidos. Umas vezes ao encontro das escolas, para deixar marca e criar públicos, e outras vezes pela noite dentro, para prolongar o usufruto e beber mais música ao sabor dos improvisos mais harmoniosos de que há memória.
Sabe-se que é um festival de marca, que marca a agenda cultural nesta altura do ano em Seia e também se sabe que se pode ir mais além, porque a oferta é imensa e as ideias e as estratégias sobejam. Os locais, mesmo assim, têm o privilégio de ter ao pé da porta um festival assim, e os de fora são cada vez mais em maior número, embora se constate que nunca houve tantos festivais destes géneros musicais no país, como agora. Mesmo assim em Seia, há sempre a ideia de fazer mais e melhor, de inovar e atrair, para consolidar o seu festival e afirmá-lo no contexto do desenvolvimento que se quer para a terra.
Ouve-se aqui e ali o reconhecimento do esforço do município em manter um festival assim. Em trazer a Seia nomes sonantes do Jazz e do Blues, para delicía dos amantes e inebrio dos que trabalham em prol da coisa. Ano após ano, faz-se de Seia o centro das atenções, pelas boas razões, e sem complicações, porque nem tudo é mau e do pouco se faz muito.
Percebe-se que muito mais podia ser feito, mas se se tira partido o suficiente do que se oferece, já não se dá por perdido o investimento. E assim, ao sabor dos acordes, nas escalas do jazz e ao sabor da improvisação, fica sempre a sensação de grande desfrute e do aproveitamento pleno, a dar por bem empregue o tempo e a dedicação. É que em Seia, as escalas criativas não têm tendência a abrandar, antes a surpreender, mesmo em tempos dificeis e sem grandes desvarios.
Lemos, vemos e ouvimos e não podemos ignorar, é o “Seia Jazz & Blues” no seu melhor, há sete anos nesta cidade do sopé da Serra da Estrela. E pouco mais se pode dizer, a não ser, deixar o convite para quem ainda não reservou lugar, neste lugar de afectos, de cores e de bom sabor a jazz.
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Mário Jorge Branquinho